Qual a sua concepção sobre educação?
Ao escolher a docência em alguma Instituição de Ensino, escolhemos ser parte agente do processo de educação. Educar é desenvolver potencialidades do ser humano. Se a razão de ser dos humanos é a busca por uma vida virtuosa (no sentido aristotélico), a educação é processo de desenvolvimento das virtudes. Quando estamos ofertando uma formação tecnológica, de alguma forma é importante estar conectado com essa proposta mais ampla da educação.
Especialmente falando sobre as Engenharias (podendo ser estendido para Ciências Exatas, Tecnológicas e Multidisciplinares - com dividido pela CAPES), trata-se de uma área em constante transformação e progresso. Apenas para ter uma ideia, algumas das linguagens de programação mais utilizadas no mundo atualmente possuem menos de cinco anos de criação – um intervalo de tempo menor do que a duração da graduação em Engenharia da Computação. Além disso, os avanços da Inteligência Artificial, por exemplo, trouxeram transformações para os arranjos produtivos, favorecendo grandes mudanças no nosso dia a dia e abrindo grandes oportunidades.
Sendo assim, é imperativo que o processo educacional fomente o desenvolvimento de pessoas criativas (solucionadores de problemas) e portadores de pensamento crítico (para lidar com o mundo de muitas informações e incertezas), para além dos conhecimentos técnicos - que nem sabemos se serão úteis nos para os próximos 10 anos. Eu não estou querendo dizer que não é necessário estudar e dar ênfase nos conteúdos mais técnicos e sim dizendo que há um conjunto de habilidades/atitudes que são tão importantes quanto esse desenvolvimento no nível cognitivo (conhecimento).
Uma possível solução para esse problema é a Aprendizagem Ativa. A aprendizagem ativa ocorre quando o aluno interage com o objeto de estudo. Essa interação ocorre pelo ouvir, falar, perguntar, discutir, fazer e ensinar. O objetivo é do professor passa a ser a promoção de atividades que ocupem o aluno em fazer alguma coisa, enquanto o leva a pensar sobre o que está fazendo. A formação em engenharia oferece oportunidades para desenvolvimento da aprendizagem ativa, como já é colocado nas Novas Diretrizes Curriculares dos cursos de Engenharia. Sendo assim, é responsabilidade do professor desenvolver situações de aprendizagem que coloquem o aluno como protagonista do processo de ensino-aprendizagem e não mais como agente passivo que recebe o conhecimento.
Há diversas estratégias documentadas na literatura para promover a aprendizagem ativa. Para mim, ainda é um desafio conceber uma unidade curricular inteira com essa característica. Como tudo na vida, há alguns problemas na adoção dessas estratégias, especialmente a sobrecarga para os alunos e professores. Planejar e avaliar com metodologias de aprendizagem ativa me parece ser mais difícil. Talvez não seja pela metodologia em si, mas pela dificuldade da mudança e ainda com um currículo que é praticamente todo concebido tendo em vista um processo de educação mais “tradicional”.
Enfim, isso tudo é parte de uma busca pela melhoria dos nossos ambientes educacionais. Quem sabe em poucos anos, com tantos avanços que temos a oportunidade testemunhar, esses problemas que discutimos hoje já tenham sido vencidos? Que possamos ser parte dessa solução!
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