O filme conta a história de William Kamkwamba, hoje um conhecido inventor da República do Malawi (África Oriental). Alguns podem dizer que o filme é sobre educação e a importância da escola. Entretanto, o filme narra uma escola mercantilizada, e um típico exemplo do que Paulo Freire definiu como educação bancária: uma escola autoritária e que não desenvolve o pensamento crítico nos seus alunos.

A história de William Kamkwamba vem a público em 2007 com uma entrevista no TED que conta brevemente sua história. Dois anos depois, vem a publicação do seu livro de mesmo título do filme. Chama atenção o fato de toda história ser um passado muito recente, talvez ainda tão recente que possa até ser chamado de presente. Conhecer a realidade de pessoas que em pleno século XXI não possuem acesso à energia elétrica (e que não podem estudar durante a noite, simplesmente por não haver iluminação) faz reforçar o imenso potencial que a ciência (a boa ciência) tem de transformar o mundo positivamente, precisando apenas que ela chegue até as pessoas.

O filme não retrata William Kamkwamba como um gênio, no sentido que suas ideias não vem por intuição, do nada, sem esforço. Retrata-se um menino inteligente, esforçado e que com o mínimo de acesso à informação, consegue vislumbrar uma possibilidade de construir um moinho para gerar energia, irrigar plantações e aliviar a fome que assola Malawi. Em 2007, no TED, ele afirma que seu moinho gera 12 Watts. Apenas 12 Watts - potência menor que uma lâmpada do farol de um carro qualquer, mas com um enorme poder de transformação da realidade do seu povo.

O filme se concentra na história de William, mas deixa a curiosidade sobre o que aconteceu com Malawi? Não se escuta falar de Malawi, então, é fácil deduzir que Malawi não se tornou uma potência mundial. O que será que acontece em Malawi? Ainda há fome? Será que o governo de Malawi é democrático? Talvez essa seja uma das maiores contribuições do filme: fazer pensar sobre as tantas Malawi que surpreendentemente ainda existem na quase terceira década do século XXI.