Resenha O Mito da Caverna
O Mito da Caverna é uma alegoria criada por Platão no livro A República*. Trata-se de uma alegoria já que embora os elementos presentes na história sejam imaginários, eles fazem referências à situações reais.
A alegoria descreve uma caverna, na qual há uma fogueira e pessoas acorrentadas de costas para a chama. Essas pessoas apenas enxergam as sombras de objetos que são carregados por outras pessoas à frente da fogueira. As pessoas acorrentadas acreditam que essas sombras são tudo o que existe e se debruçam a dar nomes e identificá-las. A alegoria prossegue com a libertação de uma dessas pessoas acorrentadas. De início, essa pessoa deverá sentir um desconforto, tanto pelo excesso de luz, ao se voltar para a fogueira, quanto pela dificuldade de se movimentar. Persistindo para além do desconforto, eventualmente essa pessoa sai da caverna e toma conhecimento de uma realidade muito mais ampla. Percebendo que o mundo é maior do que a caverna, essa pessoa resolve voltar para alertar aos seus colegas. Entretanto, ao retornar à caverna, essa pessoa liberta é tomada como louca pelos seus colegas da caverna que veementemente decidem ficar na caverna.
As pessoas acorrentadas na caverna são todas aquelas presas no senso comum ou no senso de realidade comum à maioria das pessoas. As que carregam os objetos representam os formadores de opinião, indivíduos responsáveis por projetar o que será visto pelas pessoas acorrentadas. Esses representam a manipulação por parte de diversos entes da sociedade.
É preciso lembrar que Platão é o criador da Teoria das Formas, que divide o mundo das coisas sensíveis e o mundo das ideias, sendo esse último o mundo das coisas perfeitas e do conhecimento verdadeiro. As sombras representam o conhecimento das coisas sensíveis e portanto imperfeitas, enquanto que os objetos representam o mundo das ideias, um mundo mais completo e verdadeiro. A sensação de incômodo da pessoa liberta é o que chamamos de desconforto cognitivo, é a saída da situação de conforto, onde o conhecimento obtido anteriormente não é suficiente para lidar com a realidade.
Sendo assim, a educação deve ser uma atividade lenta e gradual, onde a empatia entre quem ensina e quem aprende é uma das condições propícias para que ocorra aprendizagem. Além disso, a imposição de idéias é um péssimo caminho, como bem retratou Pink Floyd em Another Brick in the Wall.
*PLATÃO. A República. Trad. Maria Helena da Rocha Pereira. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2001.
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